Como precificar uma obra de arte

Com base no livro Arte e Mercado: estratégias para inserir a sua produção no circuito, de Ana Letícia Fialho e Carolina de Moura Topini, a precificação de uma obra de arte deve considerar diversos fatores estratégicos, subjetivos e práticos. Abaixo, estão os principais critérios e reflexões destacados pelas autoras:

1. Custo de produção

Inclui todos os insumos materiais utilizados na obra (tintas, suportes, molduras, transporte, etc.) e deve ser o primeiro passo para entender o investimento feito. Aqui vale incluir um adicional de porcentagem de valor de ateliê, contas de luz e gastos em manutenção do espaço.

2. Tempo dedicado à criação

O tempo investido na produção da obra deve ser considerado como valor de trabalho. Artistas muitas vezes não contabilizam isso, mas é parte essencial da valorização da prática.

3. Histórico profissional do artista

A trajetória do artista (formação, prêmios, exposições, participação em salões, presença em coleções) influencia diretamente o valor de mercado da obra.

4. Público-alvo e posicionamento

Pensar para quem se quer vender e qual a faixa de preço esse público costuma pagar é importante para encontrar um valor compatível com o mercado.

5. Tamanho e complexidade da obra

Obras maiores ou mais complexas (em termos de técnica ou tempo de execução) geralmente têm preços mais elevados, mas isso deve ser ponderado com os demais fatores.

6. Técnica utilizada

Certas técnicas demandam mais tempo ou materiais caros (como gravuras em metal, pinturas a óleo, esculturas em bronze) e, por isso, podem justificar preços maiores.

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7. Originalidade e unicidade

Obras únicas têm, em geral, maior valor de mercado do que múltiplos (gravuras, serigrafias), mas obras seriadas também têm valor e precisam ser precificadas com base na tiragem e na exclusividade.

8. Demanda e visibilidade

Se há interesse constante em suas obras, ou se o artista está em evidência (por exposições, matérias, redes sociais), isso impacta positivamente na precificação.

9. Participação de intermediários

Se a obra for vendida por uma galeria ou curadoria, deve-se prever a comissão que será repassada (geralmente entre 30% e 50%) no valor final da obra.

10. Coerência com os valores anteriores

Evite variações bruscas de preço sem justificativa plausível, pois isso pode confundir colecionadores e galeristas. É fundamental manter uma coerência com os valores praticados anteriormente.

11. Referência ao mercado

Observar como artistas com trajetória semelhante à sua estão precificando pode ajudar a calibrar sua própria tabela de preços.

12. Contexto e local de venda

Os valores podem variar dependendo se a obra está sendo vendida em um salão, feira, galeria, internet ou diretamente com o artista, cada canal tem suas dinâmicas próprias.

Esses critérios não devem ser tratados como uma fórmula exata, mas como ferramentas para refletir sobre o valor justo e sustentável da produção artística no mercado. O livro reforça que precificar é também um exercício de autoavaliação e posicionamento.

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