As residências artísticas são espaços de experimentação, pesquisa e criação onde artistas podem desenvolver projetos autorais em diálogo com novos contextos, territórios e comunidades. No Brasil, há uma variedade crescente de programas que oferecem tempo, estrutura e imersão para artistas visuais, curadores, escritores, performers e criadores multidisciplinares.
Algumas residências funcionam com bolsas integrais, outras exigem investimento próprio, mas todas compartilham o desejo de fomentar processos artísticos vivos, abertos e conectados com o presente.
Selecionamos abaixo uma lista de residências artísticas ativas no Brasil, com informações sobre localização e formato de participação. Um ponto de partida para quem quer circular, experimentar e criar em movimento.
Delfina Foundation
Local: Londres (programa voltado a artistas brasileiros)
Formato: Bolsa completa
Em parceria com o Instituto Inclusartiz (RJ), a Delfina Foundation seleciona artistas brasileiros para residências internacionais em Londres. O programa cobre custos de viagem, alimentação, alojamento e materiais, inserindo os residentes no circuito global de arte, com acesso a exibições, talks e mentorias no ecossistema artístico londrino
Mirante Xique Xique
Local: Igatu, Chapada Diamantina – Bahia
Formato: Pago
Residência independente em meio à natureza, voltada para processos experimentais e projetos de campo. Recebe artistas de diversas linguagens em imersão na vila histórica de Igatu, com foco em trocas afetivas, poéticas do território e sustentabilidade.
Casa da Escada Colorida
Local: Rio de Janeiro, RJ
Formato: Pago
Espaço cultural no centro histórico do Rio que oferece residência artística com ateliê, alojamento e participação em exposições. Ideal para artistas que buscam conexão urbana, experiências colaborativas e inserção na cena carioca contemporânea.
Programa de Residência Artística e Pesquisa – Instituto Inclusartiz
Local: Gamboa, Rio de Janeiro, RJ
Formato: Bolsa + alojamento + laboratório + suporte à produção
Considerado um dos mais completos programas do país, o Inclusartiz promove cinco ciclos residenciais por ano (quatro semanas cada) com duplas formadas por artista e curador/pesquisador. São oferecidas dez vagas por chamada: cinco para brasileiros e cinco para estrangeiros com inscrições abertas via edital anual.
Residência Saúva
Local: Botucatu, SP
Formato: Pago
Residência rural voltada à experimentação e ao vínculo com o território. Recebe artistas, educadores, pesquisadores e coletivos para períodos de imersão em ambiente natural, com atividades colaborativas e intercâmbio cultural.
Residência Pororoca
Local: itinerante (AL, BA e outros)
Formato: Pago
Programa voltado a artistas emergentes, com imersão em comunidades, pesquisa em campo e produção experimental. A residência acontece em diferentes locais e destaca-se pelo processo coletivo e interdisciplinar.
Kaaysá Art Residency
Local: Boiçucanga, São Sebastião, SP
Formato: Pago
Residência dedicada a artistas e escritores que desejam desenvolver sua prática em contato direto com a Mata Atlântica. Oferece imersão sensorial, ateliê coletivo e interação com profissionais da cena artística contemporânea.
Residência Artística FAAP
Local: São Paulo, SP
Formato: Pago, com possibilidade de bolsa
Programa semestral que oferece estúdios amplos e suporte para artistas nacionais e internacionais. Realiza exposições coletivas ao final da residência. Bolsas disponíveis conforme portfólio e perfil do candidato.
Pivô Arte & Pesquisa (Pivô Pesquisa)
Local: São Paulo, SP (Copan)
Formato: Gratuito + bolsa de pesquisa
Residência focada em práticas de pesquisa artística e curadoria coletiva, com ciclos de 3 a 5 meses. Inclui workshops, tutorias, debates e um programa público de estudos. Já formou mais de 300 residentes de todo o mundo.
Residência Artística Sertão Negro
Local: Goiânia, GO + Quilombos Kalunga (Cavalcante, GO)
Formato: Bolsa completa (nacional e internacional)
Programa de quatro semanas, com vivência em comunidade quilombola e residência artística em ateliê em Goiânia. Inclui alojamento, alimentação, transporte e subsídios para produção. Voltado ao diálogo entre arte, ecologia e cultura tradicional.
FONTE Residency
Local: São Paulo, SP (Vila Madalena)
Formato: Pago, com estúdio próprio
Criado em 2013 pelos artistas Simone Moraes, Marcelo Amorim e Nino Cais, o Fonte promove residências autodirigidas: os artistas recebem tempo e espaço para desenvolver projetos em ateliês, com apoio de uma equipe formada por artistas e mentorias críticas. O programa inclui mostras públicas, workshops e acesso à cena paulistana de arte contemporânea.
CASCO – Programa de Integração Arte e Comunidade
Local: Litoral Norte do Rio Grande do Sul (diversos distritos rurais)
Formato: Gratuito, com apoio logístico e bolsa para artistas selecionados.
O CASCO, criado em 2021, é uma residência artística que propõe um diálogo direto entre artistas e comunidades do litoral norte gaúcho, promovendo processos criativos integrados à memória, cultura local e paisagem natural. Ao longo de um mês (geralmente em fevereiro), doze artistas visuais são acolhidos em casas negociadas com moradores de diferentes distritos como Aguapés, Atlântida Sul, Barra do Ouro, Morro Alto, Terra de Areia e Três Forquilhas. Cada artista desenvolve um trabalho autoral que dialoga com as imagéticas e questões socioculturais da região.
Como participar
Cada residência possui critérios específicos de seleção, duração e formatos de inscrição. Algumas abrem editais anuais, outras trabalham com convocatórias contínuas. A dica é acompanhar os sites e redes sociais dos programas para ficar por dentro das chamadas abertas. Para quem deseja expandir sua prática artística, construir novas relações e experimentar o tempo da criação de forma profunda, as residências artísticas são uma oportunidade valiosa e transformadora.
Por que considerar uma residência artística?
- Turbinam o processo criativo, com estrutura física, tempo para pesquisa e ambiente coletivo.
- Conectam artistas a comunidades e territórios diversos, ampliando reflexões sobre contexto.
- Podem ser gratuitos ou oferecer bolsas, reduzindo barreiras de acesso e fomentando diversidade.
- Proporcionam desenvolvimento profissional, com mentorias, tutorias e inserção no circuito cultural.
Dicas para participação
- Acompanhe sites oficiais ou redes sociais dos programas para editarais e chamadas.
- Prepare portfólio e projeto autoral claro, conforme exigências de cada edital.
- Planeje deslocamentos e logística, alguns programas exigem participação presencial.
- Aproveite momentos públicos como open studios, workshops e exibições para ampliar rede.