A arte conceitual é aquela em que a ideia vem antes do objeto. Mais do que produzir imagens ou formas visuais, artistas conceituais propõem sistemas, processos e reflexões sobre o próprio fazer artístico. No Brasil, esse movimento ganhou força a partir da década de 1960, com nomes que desafiaram instituições, romperam com tradições formais e usaram a linguagem como meio e conteúdo.
Conheça a seguir alguns dos principais artistas da arte conceitual no Brasil: suas obras, estratégias e impactos.
1. Cildo Meireles
Um dos nomes mais emblemáticos da arte conceitual brasileira, Cildo Meireles combina ideias políticas com estratégias sensoriais. Suas obras questionam os sistemas de valor, circulação e poder. Um exemplo marcante é Inserções em circuitos ideológicos (1970), no qual o artista carimbava mensagens críticas em cédulas de dinheiro e garrafas de Coca-Cola, reinserindo-as no mercado como forma de difundir ideias.
2. Artur Barrio
Artur Barrio é conhecido por ações radicais que tensionam os limites entre arte e realidade. Em Situações (anos 1970), espalhou pacotes feitos de carne e sangue pelas ruas do Rio de Janeiro, causando estranhamento e confundindo a arte com cenas de violência urbana. Sua produção desafia o espectador e o espaço expositivo, propondo uma arte efêmera, instável e provocadora.
3. Paulo Bruscky
Artista multimídia e poeta visual, Bruscky participou ativamente do circuito internacional de arte correio e da chamada “poesia processual”. Sua obra está enraizada na experimentação com linguagens, meios de comunicação e redes alternativas. Criador de documentos, selos, carimbos e performances, ele propôs uma arte que circule fora das galerias, usando a própria vida como suporte.
4. Ivald Granato
Ivald Granato foi um dos pioneiros da performance no Brasil. Sua arte conceitual flertava com o teatro, o corpo e a ironia. Em Ações entre amigos, ele criava situações em que o gesto e a presença bastavam. Sua abordagem informal e relacional contribuiu para abrir novos caminhos para o conceitual brasileiro, sobretudo nos anos 1970 e 80.
5. Regina Vater
A artista atuou fortemente no cruzamento entre arte conceitual, feminismo e ecologia. Usando fotografia, instalações, textos e performances, Regina Vater questionava o papel da mulher, da natureza e da linguagem. Seu trabalho propõe uma reconfiguração simbólica e espiritual do mundo, apostando na dimensão sensível da ideia.
6. Hudinilson Jr.
Com uma produção marcada pela xerografia (fotocópias) e pela autorrepresentação, Hudinilson Jr. trouxe o corpo — especialmente o corpo gay e marginalizado — para o centro da arte conceitual. Sua série Exercícios de Me Ver (1980) é um exemplo potente da fusão entre autobiografia, política e linguagem visual.
7. Letícia Parente
Pioneira da videoarte no Brasil, Letícia Parente desenvolveu obras conceituais que abordam corpo, repressão política e identidade. Em Marca Registrada (1975), ela aparece costurando a frase “Made in Brazil” na sola do próprio pé. A obra é uma crítica direta à ditadura militar e à condição do corpo como território de controle.